ex AuPair

15 de agosto de 2011 - 21 de agosto de 2012

Minha experiência como Au Pair foi intensa. Vivi todas as emoções em um ano.

Treinamento

Eu cheguei nos Estados Unidos dia 15 de agosto, através da Au Pair in America e junto com outras 8 brasileiras, seguimos para o Sheraton Hotel em Stamford - CT. Foram 4 dias de treinamento com palestras, demonstrações e várias histórias de Au Pairs do mundo todo. Nesses 4 dias de treinamento, as meninas estão sempre MUITO animadas, com aquele inglês fraquinho, fazendo gestos para poder se expressar, muitas vezes. É bem engraçado! Fiz amigas do mundo todo durante o treinamento: África do Sul, Alemanha, Hungria, Colômbia  Peru ... de todo canto! O mais interessante é que no treinamento todo mundo fica preocupado em fazer amizades. Todas as meninas querem se enturmar. Então, não se preocupe em ficar sozinha. Além do que, os parceiros de quartos são divididos de acordo com a região em que você vai morar. No meu quarto, tinha apenas uma menina da Alemanha, a Nina. Um amor de pessoa! Conversávamos o tempo todo, sobre tudo! Ela foi morar com uma Host Family há 10 minutos de mim. Assim fica fácil de fazer planos para a semana seguinte! 

Host Family

A família foi me buscar no hotel do treinamento. Nessa hora, a emoção é tanta que você abraça e beija as crianças, a mãe, o pai, todo mundo! Você não vê a hora das crianças "te amarem", de ver o seu quarto, sua nova casa, carro, tudo! No caminho até a casa, um silêncio. Independente da sua personalidade, você vai se sentir intimidada em relação ao inglês. Aquele MEDO de chegar falando errado, é normal. E infelizmente, acontece mais do que a gente espera! Mas, faz parte do processo!

Primeiros 7 meses e meio ...
No início, tudo era novo e diferente, o que faz com que nós fiquemos bem ocupada o tempo todo, tanto no pensamento quanto na prática. Minha primeira semana de trabalho foi difícil. Chorei muito, muito. As crianças não me ouviam, desobedeciam e não estavam NEM AÍ pra mim. Literalmente! 

Com o tempo, fui me acostumando com tudo ...e "entendendo" a personalidade delas. Eu cuidava de duas meninas. Uma de 9 anos e a outra de 11. Uma pior do que a outra ... a de 9 anos, tem um índice muito alto de hiperatividade, ou seja, não calava a boca, não parava de pular, de gritar..nunca! Foi difícil mas, no final das contas ficamos bem próximas. Ela gostava bastante de mim e eu também gostava dela. Percebi o amor e a carência que havia por trás de toda aquela agitação. 

Já com a mais velha, eu tive mais dificuldade. Ela sempre fez de tudo para chamar atenção dos pais e do mundo. Não me ouvia, nunca. Gritava, batia a porta. Fingia que estava doente para não ir pra escola e ACABAVA com o meu tempo livre durante o dia. Porque eu tinha que ficar em casa "cuidando" da doentinha. Não foi fácil. Eu tinha aversão a ela depois de meses. 

Eu não tinha Homesick. Falava com os meus pais todos os dias no Skype. Então, não dava muito tempo de sentir saudades! rs

Após 7 meses morando com a família, eu pedi rematch. O que é isso? Quando, devido a algum problema, você ou a família acionam a agência querendo trocar de família ou Au Pair. 

Infelizmente, durante o meu tempo na casa, muitas coisas me chatearam  e, conforme as coisas foram acontecendo eu fui reportando para a minha Community Counselor. Certo dia, eu explodi. Vou "resumir" os ocorridos que me levaram a pedir rematch. 

- O pai era muito tímido e quieto. Chegava em casa as 4:30pm não olhava na minha cara, nunca! Meu horário de trabalho ia até 9pm. Enquanto ele estava em casa, era como se só estivesse eu e as crianças. Não havia diálogo, ele não dava atenção para as filhas. Era horrível. 

- Eu não consegui me adaptar com a personalidade da menina mais velha. Eu tentei, tentei MUITO. Mas, quanto mais ela mentia que estava doente para não ir na escola, mais um detestava ela. Uma vez, ela falou na minha cara que fazia isso para atrapalhar meu dia. Tão adorável.

- Depois do natal em 2011, fizemos uma viagem para a Pensilvânia. Ficamos 4 dias em um resort e, durante um jantar, os pais começaram a discutir. O pai encheu a cara, saiu andando pela rua e caiu no meio da estrada bêbado! rs Quando eu lembro disso, eu dou risada para não chorar. Quase sofremos um acidente de carro. A mãe dirigia muito nervosa, na estrada com chuva e terra. Nesse dia, eu comecei a pensar no rematch.

- A gota d'água foi o dia que a mãe perdeu o cartão do trem. Ela ia de trem para o trabalho todos os dias...uma vez, ela perdeu o cartão e não encontrava de jeito nenhum. Veio até o meu quarto, com sangue nos olhos, me acusando de ter roubado o cartão dela. Ela abriu minhas gavetas, minha carteira, minha bolsa e destruiu a minha privacidade procurando o maldito cartão. 

Fiz um ESCÂNDALO com a agência. Destrui a reputação da família. Aquilo foi uma falta de respeito comigo. Nunca fiz nada de errado, mesmo convivendo com esses probleminhas. Aguentei muito. Explodi. 

Na época, eu já namorava o meu atual noivo. A casa da Host Family ficava há 2 horas de distância da casa dele. Meu objetivo era encontrar uma família na região de NYC, NJ pra que eu pudesse morar mais perto dele. Na mesma semana do rematch, meus pais vieram me visitar. Nós ficamos na casa de um tio no Queens, em NYC. Foram 10 dias de tranquilidade e distração com meus pais. Melhor coisa, melhor hora!

Segunda Host Family...

Maior loucura que eu já fiz na vida. Fiz o match com uma família de 5 crianças!! Melhor coisa que já me aconteceu, de verdade! Família incrível, as crianças são uns amores e nós estamos sempre em contato. Infelizmente, eu não tinha mais paciência para o programa e sentia muita saudade da minha família. Acabei não estendendo o programa e fiquei com eles por apenas 4 meses e meio. Mas, na mesma época meu noivo e eu alugamos um apartamento e começamos a fazer nossos planos. Por isso, eu não tinha mais paciência para ser Au Pair e morar na casa dos outros. Comecei a pensar mais em mim e no meu futuro com ele. 

Fui para o Brasil por 42 dias, assim que completei o programa. 

- 2a Host Family -